ARTIGOS
Paul in Porto Alegre, por Hermes Aquino*
Então tenho pensado: que jogo da Copa 2014, no Beira-Rio, poderá ter seus ingressos esgotados com
praticamente um mês de antecedência? Excetuando uma participação da Seleção Brasileira, acho difícil que aconteça. E que outro artista poderia
lotar o Beira-Rio tão rapidamente, com ingressos entre R$ 140 e R$ 520? Difícil responder com exatidão. Mas Paul McCartney consegue realizar esta
inusitada façanha. Desde os famosos The Beatles, o sucesso persegue implacavelmente a carreira do inspiradíssimo compositor de Liverpool.
Paul é marca registrada da música eternamente jovem. Por mais que a segmentação do rádio interfira nos rumos da informação musical, limitando a
guetos etários a execução dos inúmeros estilos musicais, a obra de Paul (com e depois dos Beatles) sobrevive. Apesar de exímio autor de insuperáveis
baladas românticas, Paul jamais traiu a causa do rock and roll. Pelo avanço da idade, poderia muito bem adentrar ao Beira-Rio com uma grande orquestra,
tentando dar uma de Frank Sinatra, fazendo caras e bocas às fãs da primeira hora do sucesso. Nada disso: ele vem escudado por dois guitarristas de
vanguarda que, somados ao seu contrabaixo, mais bateria e teclados, vão fazer barulho no Beira-Rio.
Durante longo período da carreira solo,
Paul evitou, na medida do possível, a execução das canções que cantava com os Beatles. Mas, de uns 10 anos para cá, Paul teve a luz de compreender
que os sucessos da superbanda que revolucionou o mundo não poderiam ficar de fora do playlist. Resultado: um público das mais variadas faixas etárias
está adorando. E, quando as guitarras atacarem na introdução de Drive my Car, por exemplo, não tenho dúvida de que o Beira-Rio vai explodir.
Não é exagero comparar a música dos Beatles à dos grandes mestres. E não é difícil concluir que o compositor de Yesterday (talvez a canção mais gravada
e executada da história da música popular), certamente já é patrimônio da humanidade. Quando Paul pisar o palco, à beira do Guaíba, preste muita atenção.
Ao seu redor uma aura de notas musicais, de harmonias belíssimas e letras iluminadas estarão presentes. É a canção pop elevada à quintessência da
perfeição. E isso não tem preço.
Ouvi dizer que nas filas para a compra de ingressos do inesquecível show de Macca havia gente de todas as
idades e tribos. Isso talvez seja um precioso recado aos meios de comunicação. A segmentação das programações está roubando, principalmente da juventude,
o acesso ao grande banquete musical que compositores e cantores vêm oferecendo à humanidade ao longo das décadas. É preciso voltar a libertar os playlists.
É preciso enriquecer de informação musical as programações. Ninguém pode viver apenas de feijão e arroz o dia inteiro, sete dias por semana.
Mestre da riqueza musical que embalou sua infância e adolescência, Paul McCartney vai enlevar os espíritos presentes ao Beira-Rio com os mais variados
estilos musicais. E os jovens, principalmente, vão perceber que não existem fronteiras entre os estilos musicais. Bem executados, todos eles são bem-vindos
. Espero que os programadores se toquem sobre isto, quando estiverem se deliciando com a arte pura e revolucionária do beatle Paul. Soltem as amarras.
Paul McCartney está chegando. Dia 7 de novembro vai entrar para a história das nossas vidas.
*Publicitário, compositor
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